Billy Corgan, vocalista e mente criativa por trás do Smashing Pumpkins, está prestes a levar um dos álbuns mais emblemáticos dos anos 90 para um território onde poucos do rock ousaram entrar: a ópera. Em celebração aos 30 anos do clássico duplo “Mellon Collie And The Infinite Sadness”, Corgan se une à prestigiada Lyric Opera of Chicago para transformar sua obra em uma experiência teatral única, imersiva e inovadora. A ideia nasceu de uma sugestão de amigos ligados ao universo lírico que notaram: a ópera precisava de novos ares, de uma energia que viesse de fora.
A princípio, Corgan achou improvável que uma instituição tão tradicional se interessasse por ele. Mas para surpresa do próprio artista, o convite foi real — e a resposta foi um entusiasmado “sim” de ambas as partes. A sinergia criativa foi imediata, e o projeto ganhou vida. O vocalista vê nessa colaboração uma chance de homenagear a música clássica e, ao mesmo tempo, repaginar um disco que ajudou a moldar uma geração.
A adaptação de um álbum tão denso e tematicamente diverso como “Mellon Collie” não é tarefa simples, mas Corgan tem uma visão clara. Para ele, a chave é construir uma linha musical que conte uma história por si só — sem precisar recorrer a uma “rock opera” tradicional. Nada de guitarras distorcidas misturadas a quartetos de cordas apenas por estética. O objetivo é mergulhar completamente no universo da ópera clássica e deixar que a força das composições e letras do álbum guiem essa transição. Segundo o vocalista, o disco já carrega uma narrativa lírica poderosa, originalmente pensada como “24 horas míticas na mente de alguém”, o que favorece a adaptação.
A modularidade das músicas — que já foram experimentadas em versões mais lentas, eletrônicas ou acústicas ao longo dos anos — dá liberdade para recriar cada momento sob uma nova ótica, respeitando o espírito original, mas com uma roupagem totalmente inédita.Essa ambição artística vai além da simples transposição sonora. “A Night Of Mellon Collie And Infinite Sadness” será apresentada em sete noites exclusivas, entre 21 e 30 de novembro de 2025, e promete redefinir o que o público entende por ópera e performance musical. Para isso, Billy está trabalhando com um arranjador de cordas especialista, alguém que fala a linguagem da música clássica com fluência e sensibilidade.
O maestro James Lowe ficará responsável pela regência, enquanto os figurinos ficarão a cargo da House of Gilles, numa colaboração que une tradição e vanguarda com assinatura estética de Gilles e Chloé Mendel Corgan. Essa proposta artística arrojada pretende borrar as fronteiras entre ópera, rock e arte performática, utilizando os recursos técnicos da Lyric para criar uma atmosfera visual e sonora que seja tão intensa quanto o conteúdo emocional das músicas.Lançado originalmente em 1995, “Mellon Collie And The Infinite Sadness” é o terceiro álbum de estúdio do Smashing Pumpkins e um dos mais aclamados da década. Com sucessos como “Tonight, Tonight”, “1979” e “Bullet With Butterfly Wings”, o disco marcou época ao combinar melancolia, rebeldia e ambição musical em uma obra coesa e profunda.
Agora, três décadas depois, Corgan encontra uma nova forma de contar essa história — não com distorções ou baterias pesadas, mas com a grandiosidade dos palcos líricos e a delicadeza dos arranjos orquestrais. Para os fãs de longa data, é uma oportunidade de ver a obra sob uma luz completamente nova. E para o público da ópera, é um convite a revisitar o universo alternativo dos anos 90 com novas emoções e intensidade. O resultado? Uma fusão rara entre passado e futuro - entre o rock introspectivo de uma geração e o esplendor atemporal da música clássica.
